quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pós-eclipse

As pessoas mudam - isso é claro como água. As pessoas mudam ao longo da vida, e talvez esse seja um dos motivos pelos quais os relacionamentos acabem. "Ele/ela não é mais o mesmo", alguém descobre, e coloca-se um ponto final em namoros, casamentos... e amizades?

Faz tempo que venho pensando nisso: eu e meus amigos não somos mais os mesmos. A impressão é de que nos interessamos por coisas diferentes e - o que considero mais importante - temos formas muito diferentes de ver o mundo.

Até aí, nada demais. É tudo de bom lidar com gente diferente, capaz de nos deslocar daquela opinião formada sobre tudo. Ter uma grande amiga que vende cosméticos, enquanto eu mesma não costumo sequer passar batom; outra que me conta toda entusiasmada que comprou um carro novo, sem dar-se conta de que sou uma ferrenha crítica da civilização do automóvel; um terceiro que me expõe seus preconceitos sem medo de ser recriminado: eu gosto. Essas coisas me colocam em um mundo que não é meu, me dizem: "isso existe, também".

Mas e quando o amigo cultiva hábitos e visões de mundo das quais queremos nos libertar? Quando o amigo nos põe pra baixo? Sim, porque eu quero me libertar de algumas coisas. Eu mudei, e quero mudar ainda mais.

Tem o que faz da queixa seu estilo de vida. Tem o que tem certeza que é vítima do mundo. Aquele que acha o dinheiro uma coisa suja e todos os ricos uns escrotos. Tem o xiita. O que está certo de que tudo dá errado pra ele.

Entre esses, eu me sinto uma dependente química em recuperação, que se encontra com os amigos ainda usuários de drogas.

Não se trata de ajudá-los: eles não estão me pedindo ajuda em nada, muito menos eu tenho condições de ajudá-los nesse momento. O único caminho que vejo é deixá-los ir, e abrir os braços para as demais parcerias que estão aparecendo (e reaparecendo!) neste momento.

E foram essas algumas reflexões tecidas neste pós-eclipse lunar - o do desapego - que aconteceu bem na minha Casa 11 - a Casa dos Amigos.