Linda, a segunda mesa redonda do IV Enecult: Culturas Urbanas: Cidades e Periferias. Carlos Fortuna (Universidade de Coimbra) apresentou propostas para tornar as nossas cidades mais belas, humanas e inclusivas - apostar naqueles ativos culturais esquecidos das cidades, não deixar que eles se transformem em tradições fixas, destradicionalizar as tradições.
Ana Fernandes (Escola de Arquitetura da UFBA) deu show. Falou da cidade enquanto obra da cultura, de como o capital empurra as populações para as ditas periferias e tenta dominar a cidade e - pra mim, o mais lindo de tudo - como o território também tem seus momentos de revanche (vide as inúmeras falências de mega empreendimentos assentados em muitos milhões de reais, mas sem nenhuma identidade com o local).
Eu fiquei curiosa para ler algo sobre como se dá a apropriação da cidade por uma perspectiva de gênero. Como nós mulheres vivemos o espaço urbano, em comparação com os homens? Iluminação pública, a existência de terrenos baldios, de lugares com vegetação grande (leia: mato), parar em semáforos depois de determinado horário... tudo isso afeta de maneiras diferentes as vidas de homens e mulheres. Afinal, as cidades são pensadas para nós, ou apenas para os "seres humanos universais" que são os homens?
"Chega de instruções de como ler o mundo. Chega de manuais de bom comportamento. Chega de cerimoniais" - foi assim que a professora Ana Fernandes terminou sua palestra. Ela acha que estava fazendo palestra, mas eu acho que ela estava fazendo poesia.
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