terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Paradoxos da Assessoria - II

Precisava fazer o release sobre uma ação que ia acontecer em uma escola.

Liguei para a coordenadora da atividade, que é consultora na insituição onde faço a assessoria e "bam-bam-bam" em um monte de coisas.

"Você viu o programa?". Eu não tinha lido. "Leia e, se tiver alguma dúvida, me ligue"

Detalhe 1, para ser fiel - foram cinco tentativas em dois dias, até conseguir falar com ela. Mas tudo bem, desencontros acontecem.

Detalhe 2, para ser fiel - ela falou em um tom muito ríspido. Mas tudo bem, ninguém é obrigado a ser simpático (nem mesmo quem trabalha em organizações sociais que querem tornar este mundo um lugar melhor), e ela poderia estar em um mal momento.

Li o programa algumas vezes, fiz umas anotações e tornei a ligar, apenas para pegar umas aspas.

"A senhora poderia fazer um comentário sobre este conceito, que aparece na pág. 4 do programa.

"Como assim? Você não sabe o que significa isso?!"

(Respiro fundo.)

"Sim, eu compreendo o que significa. Mas, para escrever um texto de divulgação, eu preciso da sua explicação, que deve estar entre aspas... "

(Controlando a raiva de estar explicando o óbvio)

"Minha filha, leia o programa de novo. Leia uma vez, duas, três, até entender. Foi eu que escrevi o programa, então pode colocar tudo entre aspas".

Detalhe 3, para ser fiel - o tal programa está datado de 1995. Quer dizer, ela vai fazer a mesma coisa que fez há mais de dez anos?

Detalhe 4, para ser fiel - tentei fazer outras questões, no tom mais amável possível. Coisas do tipo: "a senhora poderia então me dar pelo menos uns exemplos?". Nada deu certo.

"Está bem. Muito obrigada, viu?". (Tentando controlar a ironia, mas não sei se tive sucesso)

Fim da ligação.

Agora, a auto-avaliação: eu realmente me incomodo quando me tratam como se eu fosse limitada intelectualmente. Talvez seja a coisa que mais me ofenda, e eu gostaria muito de entender o porquê.

Pelo menos no nível da consciência, não tenho nenhuma dúvida sobre a minha capacidade intelectual. Talvez a sensação de ofensa venha do fato de ser esta a característica com a qual eu mais me identifico e que me dá mais prazer - ser chamada de "feia" não me agride tanto quanto ser chamada de "burra".

Deve ser o ego. Mas, como eu acredito na Lei da Atração (hahaha!), vejo sentido em tudo. E acredito ter atraído este evento, para ter mais esta chance de pensar em mim e na minha vida.

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