domingo, 15 de agosto de 2010

"Divorciadas, Evangélicas e Vegetarianas" ou A amizade entre as mulheres

Lembro de poucas obras - filmes, livros, peças - que tratam do sentimento de amizade entre as mulheres. Faço, desde ontem, um esforço para lembrar de memória, sem recorrer ao Google, e Ocorreram-me Thelma e Louise e Caramelo e, talvez, Tomates Verdes Fritos.

O sentimento da camaradagem entre homens é mais generosamente explorado na arte. Veja "O Solista" (filme), "As aventuras do maluco beleza" (peça, atualmente em cartaz no Teatro Castro Alves, Salvador), "Up - altas aventuras" ou "Toy Story" (animações): é como se a amizade fosse melhor conjugada no masculino. E, por algum motivo, as mulheres não confiassem umas nas outras.

Pois bem, está em cartaz em Salvador, até o dia 29, uma dessas raras obras que aborda a amizade entre o "sexo frágil" (hahahaha!): "Divorciadas, Evangélicas e Vegetarianas", comédia encenada pela Companhia Teatro dos Novos (grupo residente no Teatro Vila Velha) no Teatro Jorge Amado (sábados às 20h, domingos às 19h, até 29 de agosto).

São três amigas - duas há longa data, outa recém-admitida ao título de amiga. Gostei muito do texto (de quem?) e como a peça está em cartaz há muito tempo, (qto mesmo), a impressão é de que a encenação flui com facilidade (facilidade conseguida a custo de muito trabalho, sempre é bom lembrar, né?).

E as situações são hi-lá-rias. A mulher que dá escândalo porque briga com o noivo e detona o cartão de crédito. As amigas que brigam pelo mesmo cara. A evangélica que quer tirar o diabo do corpo da amiga. Ou seja, a gargalhada é garantida.

Eu arrisco a dizer que, para as mulheres, há uma fonte a mais de riso, que vem da auto-identificação. É rir de uma cena tanto porque ela é engraçada, como também porque você tem uma amiga (irmã, prima...) muuuito parecida. Ou ainda, você e as suas amigas já se meteram em enrascadas muito parecidas com aquelas. E que, apesar do mito persistente da falta de solidariedade feminina, sabemos sim do sentimento de aconchego de deitar a cabeça no ombro de uma amiga.

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